Turismo ocupa 40% da população em Catas Altas

Com cerca de 5.000 habitantes e 40% da população economicamente ativa ocupada com o turismo (2.000 pessoas), em um cenário de belezas naturais, patrimônio histórico tricentenário e tradição enícola, investir no setor é uma obrigação do poder público. É com esta certeza, segundo o secretário municipal de Turismo de Catas Altas, Rodolpho Sanches, que a […]

Turismo ocupa 40% da população em Catas Altas
Santuário do Caraça

Com cerca de 5.000 habitantes e 40% da população economicamente ativa ocupada com o turismo (2.000 pessoas), em um cenário de belezas naturais, patrimônio histórico tricentenário e tradição enícola, investir no setor é uma obrigação do poder público. É com esta certeza, segundo o secretário municipal de Turismo de Catas Altas, Rodolpho Sanches, que a atual gestão vem utilizando recursos advindos da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) para incrementar o setor. Conforme o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), o município recebeu de Cfem R$ 552 mil em abril.

A atividade turística sempre fez parte do município, que ainda traz conservada boa parte de sua história, que começou no início do século 18. A atração mais famosa é o Santuário Serra do Caraça, que recebe 80 mil turistas por ano, 16 vezes o número de habitantes de Catas Altas.

“Mas é trazer o turista também para a cidade o principal foco da administração”, diz o secretário. Uma das iniciativas em prática é a recuperação das peças sacras das igrejas históricas. No último mês de maio, 12 peças sacras da capela de Santa Quitéria foram entregues à comunidade.

O projeto foi planejado em três etapas e terá investimento total de R$ 900 mil. Também já está em processo de licitação a reforma de três igrejas: a Matriz Nossa Senhora da Conceição, a Igreja Nossa Senhora do Rosário e a Capela Nosso Senhor do Bonfim.

Capacitação

Um importante investimento no turismo em Catas Altas é a capacitação de mão de obra. Em uma parceria da Prefeitura Municipal com o Senac, estão sendo oferecidos cursos gratuitos diversificados: agente de informações turísticas, culinária, barman, camareira, garçom, entre outros. Já foram contempladas cerca de 400 pessoas do município e o planejamento é ofertar capacitação para mais 400.

A pontuação no ICMS Cultural de Catas Altas, em 2017, foi 31,57 contra 17,47 do exercício anterior.

Catas Altas – Foto IER

Desafio é superar crise na mineração

A crise na mineração é uma preocupação de Catas Altas e da maior parte dos municípios mineradores. Atualmente, a extração mineral no município ocorre na Mina de São Luiz, operada pela Vale e que faz parte do Complexo Fazendão. Um temor da administração atualmente é devido à paralisação da mina da Alegria em março, devido à falta de garantia da estabilidade da estrutura. Localizada em Mariana, a mina emprega 236 catas-altenses, conforme o prefeito José Alves.

Desde fevereiro, outra grande preocupação é em relação ao risco de rompimento da barragem Sul Superior da Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais. A lama de rejeitos pode comprometer estradas de acesso a Catas Altas. O município abriga a Barragem Dique de Contenção Paracatu – Mina Fazendão, o Dique de Contenção Lavra Azul, a Barragem Dicão Leste, a Barragem do Mosquito e o Dique de Contenção Cobras.

Festival do Vinho em Catas Altas – Foto PMCA

Festival de Vinho é modelo de evento gastronômico

O Festival do Vinho, que teve a sua 19ª edição realizada de 17 e 19 de maio, é um evento de sucesso em Catas Altas e a melhor prova, para a administração, que o município tem grande potencial para eventos de gastronomia. Os dias de festa aquecem a economia local, com lotação máxima das pousadas, restaurantes cheios, além das barracas com venda de produtos. “Foram vendidas 2.000 garrafas de vinho no evento”, comemora o secretário de Turismo, Rodolpho Sanches.

O Festival do Vinho é uma realização da Prefeitura de Catas Altas, em parceria com a Associação dos Produtores de Vinho, Agricultores Familiares e Outros Produtos Artesanais de Catas Altas (Aprovart). A produção da bebida no município começou no século 19, após o fim do ciclo do ouro, por iniciativa de Monsenhor Mendes. Já o festival foi criado para enaltecer a produção do vinho de jabuticaba iniciada por Anastásio de Souza em 1949, como uma alternativa à fabricação do tradicional vinho de uva, e que virou uma tradição do município.

Cerveja Artesanal

Há três anos, também vem sendo realizado em Catas Altas o Cult Beer – Festival de Cultura e Cervejas Artesanais, no mês de setembro. Com entrada gratuita e apoio cultural da Prefeitura de Catas Altas, o evento conta com oficinas, exposições, passeio ciclístico e shows na praça Monsenhor Mendes.

Nova extração foi barrada

A empresa Atlântica Minas Empreendimentos e Participações tentou explorar cerca de 3 milhões de toneladas de minério de ferro, do Complexo Maquiné, em Catas Altas. A extração faria parte de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) de recuperação ambiental de responsabilidade da Setovi Mineração S/A. A Atlântica assumiria a responsabilidade de reparar o dano ao meio ambiente em troca da exploração de minério.

O Ministério Público apresentou a proposta da empresa à Prefeitura Municipal no final do ano passado, mas a administração municipal não concordou em assinar o acordo. Em uma das suas justificativas, o prefeito José Alves Parreira declarou ao Ministério Público que o intuito era “justamente a preservação de todos os bens naturais, não se admitindo qualquer tipo de degradação”. Na área estão duas das mais importantes e visitadas cachoeiras do município, da Santa e Maquiné, além de serem pontos de captação de água para abastecimento da sede.

Depoimento 

“O turismo é uma importante fonte geradora de renda. A mineração um dia vai acabar, mas estamos criando alternativas de fontes de renda para a população. E a preservação do nosso patrimônio cultural, histórico e religioso contribui para o crescimento do turismo que hoje é um forte pilar econômico em
todo o mundo.” – José Alves Parreira, prefeito de Catas Altas

Reportagem divulgada na edição nº 60, de junho de 2019, do jornal “Cidades Mineradoras”

 

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