Simulados de evacuação em Itabira entram na reta final de definições

Os simulados de evacuação das comunidades vizinhas às barragens voltam à pauta em Itabira na próxima semana. De segunda à quarta-feira, dias 13, 14 e 15 de maio, representantes da Prefeitura, Vale, Defesa Civil e órgãos de segurança retomam as discussões iniciadas no mês passado e deverão definir as datas para os testes na cidade.

As reuniões acontecerão na sede da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, na Mata do Intelecto. Também deverão participar representantes do Ministério Público de Minas Gerais e da empresa Aecom do Brasil, contratada recentemente para prestar serviços de auditoria independente nas estruturas de contenção que integram o sistema Cauê, da Vale, incluindo a execução do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM).

O grupo que discute o simulado de evacuação já havia se reunido em Itabira entre 8 e 10 de abril. Os primeiros encontros debateram os PAEBMs das barragens da cidade e serviram para levantamento de informações gerais. Agora, as reuniões deverão se aprofundar mais nos preparativos para os exercícios de simulação.

Segundo comentou a promotora Giuliana Talamoni Fonoff em entrevista a DeFato Online no fim de abril, os testes em Itabira deverão ser desmembrados por regiões de barragens, por causa do grande número de moradores envolvidos. Os primeiros bairros a receberem os simulados provavelmente serão aqueles mais próximos à estrutura de Pontal, elevada ao risco 1 de rompimento no mês passado.

Anos de atraso

Berço da Vale, Itabira tem 15 barragens da mineradora, sendo a do Pontal a primeira a ser implantada, em 1972. Desde então, nenhum simulado de emergência foi realizado no município. Quando esteve na cidade para as primeiras reuniões, o coordenador-adjunto da Defesa Civil de Minas Gerais, tenente-coronel Flávio Godinho, fez questão de apontar esse atraso de décadas.

“A legislação é muito clara quando ela fala que a comunidade que mora próximo a qualquer empreendimento de barragem no Brasil deve ser treinada. Isso nunca foi feito. Era para ter sido feito há tempos. Estamos retomando isso e treinando todas as cidades, mesmo que a barragem não tenha problema nenhum, para que as pessoas saibam qual a rota de segurança, onde é o ponto de encontro, onde é uma área segura para que ela possa saber reconhecer sua cidade”, disse.

Ele também afirmou que o trabalho que está sendo feito em Itabira poderá servir de modelo para outras cidades de Minas Gerais. “Estamos escrevendo uma história muito diferente da de outros municípios. Em Itabira, nós estamos tendo tempo de fazer um trabalho de prevenção. Um trabalho muito bem feito, construído a várias mãos”, frisou Flávio Godinho.