Reitor da Unifei atropela consulta pública e decide não nomear chapa mais votada em Itabira

A manobra provocou insatisfação na comunidade acadêmica, com manifestações proibidas no campus

Reitor da Unifei atropela consulta pública e decide não nomear chapa mais votada em Itabira
Para estudantes, a decisão de Dagoberto é “arbitrária”. Foto: Wesley Rodrigues/DeFato

Uma decisão tomada pela reitoria da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) provocou indignação entre estudantes, técnicos e professores do campus de Itabira. Após uma consulta pública ser feita para indicar o novo diretor do campus, a reitoria decidiu ignorar o resultado e nomear o segundo nome na lista tríplice, em decreto publicado nesta quarta-feira, 18 de abril. Procurada, a Unifei disse que não vai comentar o caso.

No decreto, o reitor da instituição, Dagoberto Alves de Almeida, nomeou o professor José Eugênio Lopes para a diretoria do campus, e o professor Élcio Franklin Arruda, à vice-diretoria. José Eugênio, inclusive, já ocupa o cargo desde a renúncia de Dair de Oliveira, em dezembro do ano passado.

A consulta pública para indicar o novo diretor foi feita em março na Unifei Itabira. A chapa formada pelos professores Gilberto Cuzzuol e Roberto Monte-Mor saiu na frente na escolha do público – alunos, técnicos e professores – e obteve, após serem aplicadas as proporções previstas em edital, 42,3% dos votos. José Eugênio Lopes ficou em segundo (36,3%) e o professor Francisco Moura Filho, que fez chapa com Márcio Dimas Ramos, é o último na lista tríplice (21,4%).

Gilberto Cuzzuol seria o novo diretor do campus, conforme a consulta pública. Foto: DeFato

O resultado da consulta foi confirmado no Conselho Universitário (Consuni) e a lista foi entregue ao reitor. Dagoberto, porém, contrariou o que era esperado: a nomeação de Cuzzuol, conforme o resultado da consulta.

“Censura”

Antes da decisão, outra manobra surpreendeu os alunos do campus de Itabira. Ficaram proibidas as manifestações dentro da universidade. Foi aprovado em Conselho que a ocupação da Unifei Itabira pelos alunos é proibida, e quem a fizer poderá sofrer processos acadêmicos. A portaria circula na instituição.

“Estamos vendo as nossas liberdades serem podadas dentro da universidade”, disse uma estudante à reportagem, que optou por não se identificar, dado o impasse.

Nesta quarta-feira (18), estudantes se reuniram no espaço da 4º Arte. Os alunos buscam caminhos para o que chamam de “jogo político” feito pela reitoria da instituição. Entre os estudantes, foi cogitada a ocupação do campus e outras manifestações. “Vejo esse posicionamento da reitoria como um atentado à democracia, já que toda a comunidade participou de uma consulta pública que como resposta escolheu outros docentes para estarem a frente deste cargo”, publicou outro aluno, em grupo fechado no Facebook.

Estudantes se reuniram hoje para discutir a questão. Foto: Enviada por aluno

Renúncia

Em 7 de dezembro de 2017, o diretor do campus de Itabira, Dair José de Oliveira, renunciou ao cargo. Também tomou a decisão o vice-diretor, Márcio Tsuyoshu Yasuda. O rompimento ocorreu após um desentendimento com o reitor, Dagoberto de Almeida.

A polêmica teve início quando o Consuni, órgão que controla a instituição, determinou a divisão do campus itabirano em três unidades acadêmicas, cada uma reunindo determinados cursos da universidade. O diretor Dair, então, determinou uma consulta pública ente a comunidade acadêmica para saber se a medida contava com apoio interno.

Dagoberto não gostou do procedimento adotado pelo diretor e enviou ao campus de Itabira uma carta dura, desautorizando a consulta pública e ordenando a Dair que seguisse “escrupulosamente as normas e demais decisões hierárquicas, tanto da reitoria quanto dos conselhos superiores da instituição”. No mesmo dia em que a carta chegou à Unifei Itabira, a consulta foi suspensa.

Nota

Procurada pela reportagem, a reitoria da Unifei ressaltou, em nota, “que não haverá pronunciamento dos gestores, o que será feito em momento oportuno”.

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