Patrimônios históricos de Barão de Cocais na rota da lama de rejeitos da Vale

O risco iminente de rompimento da barragem Sul Superior da Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, levanta, além da preocupação com a segurança dos moradores, o temor da perda do patrimônio histórico. Caso ocorra o colapso da estrutura, bens tombados pela esfera federal, estadual e municipal que estão na área de risco podem […]

Patrimônios históricos de Barão de Cocais na rota da lama de rejeitos da Vale
Foto: Reprodução

O risco iminente de rompimento da barragem Sul Superior da Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, levanta, além da preocupação com a segurança dos moradores, o temor da perda do patrimônio histórico. Caso ocorra o colapso da estrutura, bens tombados pela esfera federal, estadual e municipal que estão na área de risco podem ser engolidos pela lama de rejeitos de minérios.

O receio de uma tragédia no município é grande desde 8 de fevereiro, quando foi dado o primeiro alerta pela mineradora Vale sobre o risco de rompimento da barragem. Cerca de 400 moradores foram retirados da área de autossalvamento e se encontram hospedados em hotéis e pousadas de Barão de Cocais. No dia 22 de março, a sirene tocou novamente e o alerta de rompimento da barragem foi elevado para o nível 3. Devido ao risco de uma tragédia, no dia 25 de março a Defesa Civil e a Vale fizeram um simulado de evacuação com a população do município, que continua sobressaltada.

Obra de Aleijadinho

O Santuário de São João Batista, que teve o início da sua construção em 1764 e obra concluída em 1785, possui o primeiro projeto arquitetônico de Antônio Francisco Lisboa, Aleijadinho. O artista esculpiu a imagem de São João Batista na porta de entrada e projetou o conjunto da tarja do arco-cruzeiro no interior da igreja. O santuário fica próximo ao rio São João e é protegido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Primeira obra arquitetônica de Aleijadinho no Santuário de São João Batista

Sob responsabilidade do Instituto Estadual de Patrimônio Histórico (Iepha) desde 1995, um ponto que seria completamente destruído com o estouro da barragem é o conjunto das Ruínas do Gongo Soco, remanescente da antiga Fazenda e Mina do Gongo.

Ruínas do Gongo Soco, resquícios da fazenda da antiga Mina do Gongo

Igreja de 300 anos

Também a Igreja Nossa Senhora Mãe Augusta do Socorro, do século XVIII, seria inteiramente devastada. A igreja fica localizada no povoado de Socorro, que foi evacuado no dia 8 de fevereiro. A tradicional festa da Mãe Augusta do Socorro, que faz parte do calendário de eventos de Barão de Cocais, acontece anualmente de 18 a 20 de agosto. Diante da evacuação do povoado, não se sabe se a festa será realizada este ano.

Por medida de precaução, logo após o alerta de 8 de fevereiro, o Ministério Público determinou que a Vale providenciasse a retirada das obras e imagens sacras da igreja. O documento apresentado pela Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e pela Promotoria de Justiça de Barão de Cocais, ainda determinou que as esculturas fossem transportadas “em condições de segurança e, posteriormente, acondicionadas em locais indicados pelos órgãos de proteção”. Na época, os promotores Cláudio Daniel Fonseca de Almeida e Giselle Ribeiro de Oliveira destacaram que uma tragédia como a ocorrida em Brumadinho e em Mariana “comprometeria gravemente e de forma irreversível a integridade do patrimônio cultural, histórico e turístico do município”.

Igreja Nossa Senhora Mãe Augusta do Socorro, que recebe uma das mais tradicionais festas do município.

Confira os demais pontos turísticos que podem sofrer com a enxurrada de lama:

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