‘Não haverá alteração do nível de risco’, garante engenheiro da Vale sobre alteamento de Itabiruçu

Preocupação com segurança da barragem dominou reunião pública organizada pela Superintendência de Projetos Prioritários (Supri)

‘Não haverá alteração do nível de risco’, garante engenheiro da Vale sobre alteamento de Itabiruçu
Engenheiros da Vale falaram sobre alteamento da barragem de Itabiruçu – Foto: Rodrigo Andrade/DeFato
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A preocupação com a segurança de áreas próximas à barragem do Itabiruçu dominou a reunião pública realizada na noite dessa quinta-feira, 28 de junho, na Câmara de Vereadores, que debateu o alteamento da estrutura para a cota de 850 metros. Membros da comunidade, políticos e integrantes de movimentos sociais questionaram representantes da Vale sobre os riscos do procedimento e demonstraram medo de que aconteça em Itabira o mesmo que ocorreu no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, no ano de 2015. Possibilidade afastada pelos técnicos da mineradora.

“Não haverá alteração do nível de risco da estrutura”, garantiu o engenheiro Túlio Praes, especialista em licenciamento ambiental da Vale. De acordo com ele, a empresa não economiza recursos para garantir a segurança de suas barragens. “Tudo o que há de mais top para projetar, construir e operar, a gente faz”, afirmou.

A reunião pública discutiu o processo de licenciamento impetrado pela Vale na Superintendência de Projetos Prioritários (Supri), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) de Minas Gerais. A empresa busca, de uma vez só, as licenças prévia (LP), de instalação (LI) e de operação (LO) para elevar a crista da barragem de Itabiruçu para a altitude de 850 metros. Hoje, a estrutura tem 836 metros, mas opera com rejeitos na borda de 833 metros.

O encontro foi coordenado pela Supri. A reunião não teve status de audiência pública, já que órgãos públicos, entidades de classe e sociedade civil perderam o prazo para requerer a audiência dentro do processo de licenciamento. Por cerca de três horas, representantes da Vale e da superintendência governamental apresentaram detalhes do procedimento e responderam questionamentos da comunidade.

A maioria das perguntas girou em torno da segurança e dos procedimentos a serem adotados em caso de uma ruptura da barragem. Os técnicos da Vale garantiram, mais de uma vez, que a situação de Itabiruçu é muito diferente da de Fundão, em Mariana. “Não há que se fazer analogias”, afirmou o engenheiro geotécnico Lucas Bastos ao citar que o método de construção da barragem itabirana é diferente do que foi adotado na estrutura da Samarco que se rompeu e causou a morte de 19 pessoas, além da destruição do meio ambiente.

“Uma barragem bem projetada, bem construída, bem gerida e bem controlada apresenta risco baixo de rompimento. A Vale opera Itabiruçu há 40 anos e nunca houve nenhum incidente. É isso que tem que ficar na cabeça das pessoas”, disse durante a audiência o gerente-executivo das minas de Itabira, Rodrigo Chaves. “Neste momento meus filhos estão lá em casa, bem abaixo da barragem, e sabe qual a minha preocupação com isso? Nenhuma!”, completou.

Gerente-executivo das minas de Itabira, Rodrigo Chaves – Foto: Rodrigo Andrade

Impactos econômicos

A Vale espera licenciar o alteamento da barragem de Itabiruçu até 2021. Caso isso não ocorra, segundo a empresa, a estrutura não terá mais capacidade para receber o rejeito proveniente da mina de Conceição. Isso significaria a paralisação da produção e consequentes impactos econômicos. Os números foram expostos durante a reunião.

De acordo com números da Vale, seriam 29 milhões de toneladas de minério de ferro não produzidas por ano; 4,1 mil empregos impactados; R$ 544 milhões em salários não pagos; R$ 1,6 bilhões de impostos que deixariam de ser pagos; R$ 6,1 bilhões em importações não feitas; e R$ 3,7 bilhões em valor não agregado ao PIB. “O alteamento é bom para a Vale e para a comunidade”, disse o engenheiro Túlio Praes.

No entanto, pessoas que acompanhavam a reunião, contrárias ao alteamento, criticaram os números e afirmaram que a Vale usa essas projeções para pressionar os itabiranos. “É chantagem”, exclamou um dos participantes.

Reunião foi coordenada pela Superintendência de Projetos Prioritários (Supri) – Foto: Rodrigo Andrade/DeFato

Gestão de segurança x gestão de emergência

O engenheiro Túlio Praes explicou que a Vale atua em duas frentes para garantir a estabilidade da barragem e a integridade das comunidades próximas em caso de um desastre. São duas frentes: a gestão de segurança e a gestão de emergência.

A gestão de segurança engloba todos os protocolos preconizados pela legislação brasileira, bem como as fiscalizações de órgãos competentes. Durante a apresentação, o engenheiro mostrou que a barragem de Itabiruçu sempre foi considerada estável pelas equipes fiscalizadoras.

Já a gestão de emergência envolve o desenvolvimento do Plano de Ação de Emergência das Barragens de Mineração (PAEBM), com dispositivos de segurança, treinamentos com a comunidade, simulações e outros aspectos. Tudo isso será desenvolvido próximo a Itabiruçu. “Faremos tudo que é mais moderno, mas não vamos usar. Porque a gente investe na gestão de segurança”, afirmou o técnico.

A Vale criou um e-mail para responder dúvidas e esclarecer sobre o processo de alteamento da barragem. Mensagens podem ser encaminhadas pelo endereço [email protected].

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