Itabiranos que sofrem com falta de água cobram solução de políticos – VEJA VÍDEOS

“Saio do trabalho e tenho que ir buscar água na casa dos outros para lavar vasilha. Roupa, nem pensar em lavar. Eu já fiquei 20 dias sem uma gota de água em casa, mas normalmente a gente fica uma semana. Quando é época de política, aparece um tanto de vereador dizendo que vai resolver o […]

Itabiranos que sofrem com falta de água cobram solução de políticos – VEJA VÍDEOS
Alessandra e Laene
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“Saio do trabalho e tenho que ir buscar água na casa dos outros para lavar vasilha. Roupa, nem pensar em lavar. Eu já fiquei 20 dias sem uma gota de água em casa, mas normalmente a gente fica uma semana. Quando é época de política, aparece um tanto de vereador dizendo que vai resolver o problema. Aí a gente vota, eles ganham e nada de solução”? O desabafo é de Laene Raimunda dos Santos, moradora há 24 anos no Chapada, em Itabira. Há um ano, a população do bairro foi para as ruas protestar contra a falta de água, queimaram pneus, interditaram a rodovia, mas o situação continua igual, senão pior, segundo ela. As manifestações se repetiram no bairro Boa Esperança, onde as cobranças também continuam.

A esperança, para estes moradores, está no projeto de captação das águas do rio do Tanque, apresentado pela Prefeitura de Itabira e que, para execução, precisa antes de passar pela Câmara dos Vereadores. O prefeito Ronaldo Lage Magalhães (PTB) enviou o projeto para apreciação do Legislativo no dia 8 de março, mas a matéria está parada na Comissão de Legislação, Redação e Justiça aguardando parecer para iniciar a tramitação. A Comissão, formada pelos vereadores Reginaldo das Mercês Santos (PTB), Neidson Freitas (PTB) e Leandro Pascoal (PRB), tem reunião marcada para a próxima quinta-feira, dia 4 de abril.

+ Comissão da Câmara emperra tramitação de projeto apontado como solução para falta de água em Itabira

Moradores queimam pneu e interditam rodovia em protesto pela falta de água no bairro Chapada, realizado em março de 2018

Protesto

Alessandra dos Santos Oliveira, 17, vizinha de Laene, participou dos protestos por abastecimento de água, em março do ano passado, no bairro Chapada. Moradores bloquearam a pista da MG-129, colocaram fogo em pneus, como forma de chamar a atenção dos políticos da cidade para para o problema de falta de água. “Não estamos pedindo nenhum privilégio, só o que é nosso direito porque pagamos”, ressalta.

Segundo Alessandra, sua avó, Dolores Dias dos Santos, 74, também moradora do bairro Chapada, recorre a parentes no bairro João XXIII quando fica dias sem água. “Minha avó vai para a casa da minha tia e paga duas contas. A que ela usou lá e a daqui. É um desaforo ter que escolher se toma banho, come ou faz faxina. Nesta idade, minha avó já teve que pegar baldes e atravessar a rodovia para conseguir um pouco de água”, conta a jovem.


Boa Esperança

No bairro Boa Esperança, o problema de falta de água se repete. A dona de casa Leiane dos Santos Equarante, 26, já deixou de levar os filhos para a escola porque não tinha água para dar banho. “A gente fica sem saber a quem recorrer porque, quando o vizinho tem, pegamos com ele”, diz.

Denizia da Silva é funcionária de um restaurante no bairro Chapada e mora no Nova Esperança. Denizia conta que já pediu clientes para irem embora porque não tinha como recebê-los. “Em casa, o problema continua. A gente chega do trabalho e não consegue tomar um banho. Tem domingo que passamos o dia todo sem água. Aí tem que atravessar a rua, no sofrimento, para conseguir pegar um balde com vizinho. Uma vergonha. A gente só sobrevive à falta de água porque um ajuda o outro”, diz.

Márcia Gomes Fortunato trabalha no mesmo restaurante que Denizia e afirma que o problema nos finais de semana e feriado é ainda maior. “Para cozinhar aqui no restaurante e lavar vasilha, tem que pedir água aos vizinhos. Nunca sabemos quando vai faltar água, mas temos de continuar pagando a conta”, declara.

O projeto

O projeto elaborado pela Prefeitura de Itabira prevê a expansão do sistema municipal de abastecimento por meio da captação e tratamento de água do rio Tanque. A intenção é dar solução definitiva para o problema da falta de água no município. As obras estão orçadas em R$ 53 milhões e têm sua execução prevista por meio de PPP (Parceria Público-Privada), modelo ainda inédito na cidade. Nesse projeto, o município almeja captar água do rio Tanque, que fica a 21 quilômetros de distância, acrescentando 200 litros por segundo (l/s) ao volume existente hoje, que, em produção normal, chega a 400 l/s.

+ Parceria Público-Privada orçada em R$ 53 milhões pretende resolver falta de água em Itabira

 

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