“Febre, dor de cabeça, nos olhos e nos ossos”: o sofrimento de quem tem a doença

Conceição e Tamires, avó e neta foram diagnosticadas com a doença

“Febre, dor de cabeça, nos olhos e nos ossos”: o sofrimento de quem tem a doença

“As pessoas devem tomar cuidado, mantendo a casa limpa, sem vasinhos de plantas com água, limpar o quintal, fechar as caixas d’água. É preciso conscientização”. A itabirana Conceição de Jesus Mota, 76 anos, já tem na ponta da língua todos os cuidados para combater a proliferação do mosquito da dengue, o Aedes aegypt, mas, ainda assim, foi vítima da picada do inseto. Ela faz parte da estatística negativa em Itabira (que só cresce). O índice geral de infestação na cidade está em 4,9%, o que representa um crescimento de 0,5% em comparação com o índice anterior de 4,4%. O valor tolerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de até 1%. Os dados são do mais recente Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti (Liraa), divulgado no último dia 25.

Conceição conta que há vários dias vinha sentindo os sintomas característicos da doença, mas não imaginava que seria dengue. Sentia fortes dores de cabeça, dor nos olhos, febre, tontura e dor nos ossos (o pior dos sintomas segundo ela). No início pensava que seria apenas mais uma gripe, mas a dengue foi diagnosticada há poucos dias.

“A parte mais difícil são as pontadas nos ossos, que dói demais”, reclama. Acostumada a ter uma rotina bem ativa, Conceição está privada de tudo. Durante a entrevista, ela relatou que ainda se sentia bamba, sonolenta e estava com pouco apetite. A idosa conta que faz o possível para manter a casa sempre limpa, mas devido ao filho juntar materiais no terreiro para reciclagem, a tarefa se torna mais difícil.

A vendedora Tamires Rynara Dias, 24 anos, neta de Conceição, também foi diagnosticada pela médica com a doença e ficou um dia em observação no hospital. Ela aguarda resultado dos exames e revela que além dos indícios, tem tido febre e fortes dores nos olhos. “Fico com o olho pesado e doendo. Até para olhar para o lado, tenho que virar a cabeça, senão, os olhos doem muito”, declara.

Na semana passada a jovem não pôde trabalhar e precisou de atestado médico. No dia da entrevista já havia retornado ao trabalho, mas acabou saindo mais cedo, pois ainda não se sentia bem. Segundo a vendedora, no início da doença, sentia muita moleza e dor pelo corpo. “É muito, muito ruim. A pior coisa da dengue é a dor em todo corpo, porque para todo lado que mexe o corpo dói demais”, conta.

Risco de epidemia

Os dados do Liira resumem levantamento efetuado em Itabira entre os dias 11 a 19 de março. Foram pesquisadas 1892 casas, das quais, em 92 delas foram encontrados focos criadouros do mosquito. Todos os 34 bairros pesquisados apresentam dados alarmantes, mas o São Bento ainda possui o maior índice de infestação no município. O bairro aumentou o número de focos do mosquito da dengue, chegando ao índice de 50%. A segunda localidade com maior índice de infestação é o bairro São Pedro, com 15,78%.

A situação também não deixa de ser preocupante nos outros bairros pesquisados na cidade. O Liraa apontou também que os locais em que houve maior incidência de focos criadouros do Aedes aegypti nos domicílios visitados foram em lixos descartados sem a devida acomodação e nos resíduos sólidos acumulados. Nestes locais o percentual de criadouros chegou a 40,7%. Já nos depósitos móveis (vasos e pratos, frascos com plantas e bebedouros de animais) o percentual de focos do mosquito chegou a 39%.

Notificações e casos confirmados

Até o dia 7 de março, Itabira contabilizava 113 notificações da dengue. Segundo o secretário municipal de Saúde, Reynaldo Damasceno, no dia 23 deste mês, o número de casos notificados da doença chegou a 212. Dos casos sob investigação, 51 foram confirmados.

Ainda de acordo com o secretário “estamos vivendo em todo o país um risco de epidemia da dengue. Em Itabira, a Prefeitura está realizando medidas de prevenção e combate à doença, mas ainda é preciso conscientização e ações efetivas por meio da população. É dentro de nossas casas, de nosso ambiente de trabalho, enfim, dos locais de nosso círculo de convivência que o Aedes aegypti está encontrando meios para se reproduzir e, infelizmente, disseminar a dengue”. 

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