Entrevista: Ciganinho diz que prefere bancar sua campanha a dever favores

Cláudio Lage Ciganinho defende seus principais projetos e fala das expectativas quanto ao dia 7 de outubro

Entrevista: Ciganinho diz que prefere bancar sua campanha a dever favores
O portal DeFatoOnline vai divulgar, a partir desta terça-feira, uma série de entrevistas com todos os candidatos a prefeito de Itabira. O objetivo é dar oportunidade aos concorrentes de expor suas propostas e planos de governo nas áreas de educação, saúde, segurança, desenvolvimento econômico, entre outros.
 
Na entrevista a seguir, Cláudio Lage Vieira, o Ciganinho, (PSOL) defende seus principais projetos e fala das expectativas quanto ao dia 7 de outubro. Perguntado sobre a tímida arrecadação, o candidato afirmou que prefere bancar sua campanha a dever favores. “Quem paga é a sociedade”, afirmou.
 
O abastecimento de água é um sério problema a ser solucionado em Itabira. A captação no rio Tanque, que promete resolver a questão, demanda investimentos da ordem de R$ 50 milhões. O que o senhor pretende fazer para tirar esta obra do papel?
 
Qualquer projeto que você faz tem de pensar nas condições de realizá-lo. Dentro deste contexto, terei condição porque pretendo fazer um governo com o menor gasto possível. Vejo que tem condições de investir nesse projeto que é fundamental para Itabira. Vejo também que a gente pode investir mais na questão do Saae – e quero deixar bem claro que não pretendo jamais privatizar o Saae, porque isso é jogar o problema do município sobre o povo. Minha intenção é reestruturar o Saae e evitar que haja tanta perda de água, porque hoje isso acontece. Com uma administração enxuta, pretendo, a partir do momento em que for eleito, me aproximar do Governo de João Izael para começar a ter o conhecimento da ala do Governo. E não será diferente com o Saae. Se você fizer uma administração correta, o próprio Saae conseguirá investir. (…)
 
Com relação ao trânsito, como o senhor pretende resolver os congestionamentos que aumentam a cada dia?
Já até falei em outras entrevistas, nos debates – que participei de todos – sobre o trânsito e de estar fazendo vias que podem, de certa forma, diminuir o trânsito na área central. Vejo isso como muito necessário. Tenho projeto para avenida das Rosas, ligando o Bela Vista com a Pedreira. Com esta obra você desafoga a [avenida] Carlos Drummond de Andrade e melhora a condição da Pedreira. Temos condição de fazer uma avenida maravilhosa, onde as pessoas podem fazer caminhada e andar de bicicleta.
 
Também quero ligar a [avenida] Mauro Ribeiro, com a MG [AMG-900] lá na frente, passando pelo bairro Hamilton. Também ligar a Praia com a avenida Mauro Ribeiro, desafogando muito a [avenida] João pinheiro.
 
Outra questão que considero muito importante é sentar com os gerentes de bancos, mostrando para eles o quanto é importante criar novas agências nos bairros. Itabira precisa ter mais agências bancárias. O maior problema no trânsito é na área bancária. Se houver um diálogo com a diretoria dos bancos, eles não vão ter dificuldade em atender. Já fica aqui o meu pedido aos gerentes destas empresas.
 
A diversificação econômica tem sido um tema recorrente entre as autoridades de Itabira. O que o senhor pretende fazer para garantir a sustentação do município no período pós-mineração?
Itabira precisa de uma mudança cultural. A maioria dos empregos vem de empresas que investiram na prestação de serviço para a Vale. Mas é importante investir em outras áreas também. Primeiro vou fazer um trabalho com os empresários. Pretendo criar uma equipe de apoio, com grandes executivos, para prestar consultoria a este empresário, ajudando-o a desenvolver sua atividade com menor gasto. Seria uma consultoria. Isso ajudaria muito, porque é difícil para a pequena empresa manter um grande executivo.
 
(…) Precisamos também melhorar os distritos industriais, para que a pessoa tenha prazer de ter ali sua empresa. Vejo que toda a sociedade ganha, porque o empresário gera emprego e renda. É muito difícil fazer um trabalho de um dia para o outro, mas aos poucos conseguiremos melhorar o futuro.
 
O senhor já disse que melhorar a segurança é muito difícil. Se eleito, quais medidas tomará contra o avanço da criminalidade?
Minha principal proposta na área de segurança é na prevenção. Acho que o principal trabalho de prevenção é investir na educação. Hoje somos o segundo país com maior número de presos, atrás apenas dos Estados Unidos. A gente vai construindo presídio, presídio, e polícia, polícia, polícia… Mas não vejo que isso seja a solução. É preciso fazer uma mudança cultural, e isso começa na base. É um trabalho que talvez não apareça no meu governo, mas vejo que é fundamental investir na educação, no lazer e no esporte.
 
Por atender a região, a saúde de Itabira está sobrecarregada. Como solucionar este gargalo?
O município tem de tomar a iniciativa de ser realmente polo regional. Vejo a necessidade de fazer o hospital regional, que resolveria bem esta questão, onde o governo do Estado investiria mais, o governo federal investiria mais… A gente não pode deixar de atender uma pessoa que não seja da cidade, mas o município também não pode ficar com o ônus.
 
Podemos fazer um trabalho de economia muito maior. Pretendo criar um PSF central, que teria todos os médicos especialistas. Hoje você vai ao PSF, passa pela triagem, vai para o clínico geral e muitas vezes o problema é para um especialista. Na nossa administração, quando você chegar ao PSF, a enfermeira já vai ver qual o seu problema e encaminhá-lo a esse PSF central, que terá médicos de todas as especialidades. Se você não passar pelo clínico geral, é um custo a menos para o município.
 
Na educação, além da Unifei, Itabira tem as escolas de tempo integral e apresentou um bom crescimento no ensino fundamental, de acordo com o último Ideb. Os professores, contudo, ainda reclamam de baixos salários. O que fazer pela educação?
 
Quando falo em educação de base, vejo essa necessidade de justamente a criança ter condição de amanhã ingressar na faculdade. Se a gente não investir enormemente na nossa escola, não vamos ter pessoas na faculdade. Vamos ter uma faculdade [Unifei] maravilhosa atendendo só pessoas de fora da nossa cidade. Precisamos também investir enormemente no professor, para que ele possa dar o melhor de si para o aluno. Hoje temos professores entrando em depressão devido às condições de trabalho. Vamos valorizar muito esta categoria.
 
A escola integral é muito importante e a gente precisa lutar para dar ainda mais condição de atender maior número de alunos. Precisamos incentivar também a leitura, com investimento em biblioteca e estruturação das escolas. Tenho 58 afilhados e o melhor presente que dou a eles é incentivo ao estudo.
 
De acordo com o TSE, o senhor foi quem menos arrecadou nestas eleições. Por quê?
Acho que o maior problema com relação à política é o financiamento de campanha. É um problema que está no Senado, na Câmara dos Deputados e é muito difícil de resolver. Optei sempre por bancar minha campanha sozinho. Minha campanha sempre foi a mais pobre, a mais humilde, e isso traz um problema sério, porque tenho de negociar com o cara que faz o santinho e chorar para conseguir o menor preço. Tenho de começar minha campanha mais atrasada, porque senão não consigo manter ela até o último dia.
 
Vejo que quando você pede a uma pessoa doação de campanha, fica devendo um favor a ela e quem paga isso é a sociedade. Por isso, sempre mantive minha campanha com recursos próprios. Chego com proposta, com ideologia, um trabalho mais de visita e de corpo a corpo. Mas estou muito feliz com os resultados e com vocês da imprensa, que tem dado essa abertura pra gente levar a mensagem ao eleitor.
 
E as expectativas para o dia da eleição?
Minha expectativa para o dia 7 de outubro é ganhar as eleições. Acredito que minha campanha seja a que está mais crescendo, porque começou mais tarde e a aceitação tem sido muito boa. Conseguimos mostrar os projetos nos debates e o que vejo é que o resultado vai ser positivo e nós vamos chegar lá, com toda humildade e sem nenhuma vaidade.