3 anos do rompimento da barragem de Fundão é tema de debate na Unifei

No dia 5 de novembro deste  ano, o desastre sóciotecnológico causado pelo rompimento da barragem de rejeito Fundão completa três anos. Pertencente à mineradora Samarco ( acionistas Vale e BHP Billiton), a barragem rompeu em novembro de 2015 na cidade de Mariana/MG liberando 39 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério. Com o objetivo […]

3 anos do rompimento da barragem de Fundão é tema de debate na Unifei

No dia 5 de novembro deste  ano, o desastre sóciotecnológico causado pelo rompimento da barragem de rejeito Fundão completa três anos. Pertencente à mineradora Samarco ( acionistas Vale e BHP Billiton), a barragem rompeu em novembro de 2015 na cidade de Mariana/MG liberando 39 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério. Com o objetivo de discutir o tema, foi realizado um debate no campus da UNIFEI de Itabira, na última quinta- feira, 1° de novembro.

Abrindo a semana de discussões sobre o desastre, o professor Leonardo Ferreira Reis do departamento de Engenharia de Saúde e Segurança convidou uma das representantes dos atingidos, Lucimar Muniz, e o cientista social e membro das Brigadas Populares, Frederico Siman, para conversar sobre o assunto.

Considerando o contexto migratório em que se encontra também a cidade de Itabira, o professor Leonardo alertou sobre a importância de debater a questão na universidade. “Nós estamos localizados em uma região mineradora e os principais conflitos que temos notado por meio de pesquisas e trabalhos de campo, são conflitos ligados à mineração, logo em seguida conflitos relacionados ao agronegócio, como a expansão do eucalipto. A Vale, nascida em Itabira é co-responsável desse crime socioambiental que aconteceu em Mariana e em toda a Bacia do Rio Doce”, explica.

Inicialmente, a palavra foi dada a Lucimar para que ela pudesse colaborar com a sua vivência e luta como atingida pelo rompimento da barragem. Na oportunidade,a museóloga e também restauradora, agradeceu a oportunidade de refletir sobre o que houve dentro de um campus de engenharia que, segundo ela, não abre espaço para essas colocações. Outro ponto mencionado no início da conversa foi as terminologias usadas para definir as pessoas que sofreram e sofrem cotidianamente com os direitos violados.  “Demoramos muito a conseguir a legitimidade do termo atingido e atingida, e aprender a ser atingido não é fácil, mas nos garante uma série de direitos. Já nos chamaram de ‘impactados’,mas o mais agressivo foi usado com a comunidade pesqueira de Colatina e Regência, ao longo do Rio Doce, estes foram chamados de ‘beneficiários’”, se indigna.

Lucimar também contou qual era a sua ligação com Bento Rodrigues. Apesar de nunca ter morado no vilarejo devastado pela lama, a sua família desde a década de 70 possuía terras lá, território de interesse da mineradora Samarco para a construção do Dique de contenção S4. A atingida ainda reforçou a negligência da empresa perante o acontecimento e explicou que desde 2008 a Samarco já tinham planos de construir uma barragem em Bento Rodrigues, a barragem de Mirandinha.

Na oportunidade, Lucimar detalhou como está a situação dos reassentamentos de Bento Rodrigues, Paracatu e Gesteiras, áreas em que a lama destruiu comunidades. Ela também contou como é feito o Processo de Indenização Imediato, acordo em que a Fundação Renova transfere a responsabilidade de danos futuros aos atingidos.

O professor Frederico contribuiu na conversa reforçando a necessidade de se pensar a dependência da mineração, a urgência de uma reforma agrária e o abuso que ocorre entre o agronegócio e reservas extrativistas.  Frederico compartilhou sua experiência na militância em favor da cultura e no Movimento Serras e Águas de Minas. Este tem como objetivo garantir a segurança hídrica no Quadrilátero Ferrífero por meio da realização de campanha territorial em defesa da água como direito humano essencial à vida, em contraponto à destruição dos aquíferos feita agressivamente pelas mineradoras.

Alunos e professores participaram do debate e fizeram perguntas aos convidados sobre a temática. O três anos do rompimento da barragem de Fundão será motivos de várias ações de conscientização em Mariana e região.

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